Sutis e importantes mudanças vêm se desenvolvendo nos últimos anos no planejamento, nos momentos que antecedem e no decorrer das reuniões chamadas de “culto coletivo” das igrejas batistas. Os líderes eclesiásticos e os próprios membros das igrejas se preocupam com a iluminação e conforto do ambiente, o uso sincronizado de ferramentas tecnológicas, a transmissão ao vivo, o registro fotográfico e sua publicação imediata nas redes sociais, o tempo cronometrado, em como conseguirão atrair públicos específicos, e assim por diante. Muito disto não é especificamente ruim, mas têm se tornado um grande problema na medida em que o foco da adoração/culto é desajustado.
Adorar, ou cultuar é reconhecer em algo ou alguém o valor supremo, atribuindo-lhe honra e glória através de atos de veneração/devoção em público ou pessoalmente (SHEDD, 1987, p. 9). O foco da adoração deveria ser o nosso Criador e Redentor, Deus Santíssimo, as preocupações deveriam girar prioritariamente em agradá-lO, seguir os Seus princípios e mandamentos contidos na Bíblia, purificar-se para estar em comunhão com Ele, concentrar-se para lhe dar a atenção devida!
Ao contrário disto, percebe-se a supervalorização do homem, em seus próprios gostos e desejos, e a consequente transformação de culto em entretenimento/show, plataforma em palco, igreja em clube social, músico em “estrela”. Algumas poucas e simples perguntas podem detectar o quão distorcido está o foco:
· Quantas pessoas estão mais preocupadas em durante o culto postar nas redes sociais tudo o que está acontecendo? Isso para não falar dos que estão jogando, batendo papo, ou conferindo postagens...
· Quantos vão conduzir a congregação extremamente preocupados com a qualidade técnica ou com a performance, mas sem se importar com o coração cheio de pecado? A “espiritualidade” aparente do momento se contrapõe à vaidade, arrogância, ira, rebeldia, insubmissão, mentira, fofoca, divisão e tantas outras manifestações da carne inflamadas pelo inferno.
· Quantos frequentam os cultos dominicais por anos a fio sem que haja qualquer mudança ou melhoria em seu caráter? O comentário de sempre é: “Fulano? Aquela igreja? Sempre foi assim!”
· Se Jesus e os discípulos fossem, nesta época, nossos contemporâneos, eles pregariam em nossa igreja? Como seria? Você mudaria suas atitudes no culto diante da presença deles?
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(imagem retirada de falandodefoto.com.br/ajuste-fino-de-foco-na-nikon-e-canon/) |
Para que haja verdadeira adoração/culto “Deus tem de revelar-se no Filho, perdoar os pecados que nos separam d’Ele e dar-nos o Espírito para que pela Sua assistência possamos responder-Lhe. Deus se aproxima de nós no Filho, e nós nos aproximamos d’Ele no Espírito” (SHEDD, 1987, p.11). Mesmo que tudo seja lindo, ou que todos se sintam muito bem, Deus só receberá a devoção daqueles que correspondem aos Seus ensinamentos - os verdadeiros adoradores, aqueles que tem prazer em estar com Deus e agradá-lO, aqueles que Lhe dão real valor e primazia de atenção, aqueles que estão com seu foco bem ajustado.
M.M. Keila Guimarães de Campos
Fonte: SHEDD, Russel P. Adoração Bíblica. São Paulo: Edições Vida Nova, 1987)