Dia
dos Pais – meu coração fica silente, calmo, mas mesmo depois de quase 10
anos meus olhos insistem em marejar. A saudade é minha companheira mais
intensa, simplesmente porque minha identidade está intrinsecamente ligada ao
meu pai, Pr Daniel Rocha Guimarães. O sobrenome “Guimarães” me identifica,
mesmo possuindo o nome do meu amado no final, e deste sobrenome surge o
principal, as referências, cuja identificação pessoal começa sempre por “filha
de...” e desemboca em “neta de...”, sobrinha de...” e assim por diante.
Entretanto,
o orgulho de carregar este sobrenome está mais ligado a outro tipo de
referência. O temor a Deus, a sabedoria, a busca pelo conhecimento, a
liderança, a misericórdia, o amor, a paz, a firmeza, a justiça, o
relacionamento, o ministério, o lidar com o sofrimento, enfim, tudo que faz
parte de mim hoje é fruto da referência de vida do meu pai. Ele demonstrou de
forma terrena o relacionamento do Grande Pai conosco, Seus filhos.
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(imagem retirada de http://www.cefascast.org) |
Perfeito?
Não, de maneira nenhuma, nem a minha família, tão cheia de problemas como as de
todos nós. Pensando nisso, e no pesar do meu coração nestes dias, coloco-me no
lugar daqueles que possuem um pai cujas atitudes gostariam de esquecer e
daqueles que nunca conheceram seu pai.
Ainda assim, devemos repetir a pergunta: Sou filho de quem? Filho do
Deus vivo, que nunca me decepciona, perfeito, o Supremo Pai amoroso!
Tudo
isto me remete a uma conversa de Jesus com alguns judeus, no capítulo 8 de
João, que se orgulhavam de serem “filhos de Abraão”, linhagem oficial do povo
de Deus – “Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus”
(v. 41), mas não reconheceram o filho de Deus. Ao que Jesus respondeu:
“Se Deus
fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis (...). Por que não entendeis a minha
linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo,
e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o
princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da
mentira (...). Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as
escutais, porque não sois de Deus” (v.
42-47).
Lendo
este texto retorno à pergunta inicial. Ah, quantos se declaram filhos de Deus,
mas só abrem suas bocas para despejar homicídio em forma de palavras, ou
mentiras e distorções! Declaram-se “filhos de Deus”, mas nunca se firmam na
verdade! E pior – “filhos de Deus” que não conseguem escutar as palavras de
Deus!!! “Filhos de Deus” que não
conseguem ouvir quem está falando em nome de Deus. “Filhos de Deus” que não
conseguem cultuar a Deus??? Estais certos disso???
Que
neste Dia dos Pais foquemos nossa maior gratidão ao Pai Supremo, que consola e
acolhe como filhos legítimos todos os órfãos, abandonados e sofridos filhos de
pais terrenos. Todos nós podemos ter orgulho de sermos filhos de Deus e
pertencermos a uma família enorme, espiritual, cujos laços continuarão por toda
eternidade, mas somente se pudermos responder corretamente – “Sou filho de quem, mesmo?”
“Jesus disse-lhes: Se fosseis filhos de Abraão,
faríeis as obras de Abraão”. João
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