Para iniciar nossa
reflexão seleciono apenas três personagens dos textos bíblicos: Abraão, Moisés,
e os 12 discípulos de Jesus, todos chamados por Deus para um ministério
específico com um grupo de pessoas.
No caso de Abraão (Gn
12.1-5), Deus o chamou dizendo apenas: “Sai de onde estás! Eu farei uma grande
nação a partir de você, mas lhe mostrarei para onde deves ir durante o caminho!”
(adaptação nossa). E o texto bíblico ressalta: “Partiu, pois, Abraão, como lhe
ordenara o Senhor...” (ed. rev. e atual.). Ora, imagino que não tenha sido uma
mudança fácil! Abraão tinha consigo mulher, um sobrinho e serviçais, além de
bens adquiridos. O texto não fala, mas, pelo perfil de Sarai, posso até
imaginá-la questionando: “Como assim? Vamos pra onde?” O fato é que Abraão, o
“pai da fé”, não questionou nem discutiu, simplesmente obedeceu.
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(imagem retirada de celiodesign.wordpress.com) |
O chamado do segundo
personagem, Moisés (Ex 3 e 4), já foi um
pouco diferente: Deus o chamou para voltar pro Egito, já explicando o que iria
fazer lá (livrar o povo de Israel da escravidão do Egito) e dando vários
detalhes do como iria fazer isso. Ora, também não foi uma mudança fácil! Moisés
estava no campo já há 40 anos, bem sossegado, casado e pastoreando ovelhas na
casa de seu sogro e agora Deus o chama para voltar pro Egito? Justamente o
lugar onde toda a casa real o conhecia (Ex 2.9-10) e de onde havia fugido por
matar um egípcio que espancava um servo hebreu (Ex 2.11-15)? Moisés, diferente
de Abraão, encheu Deus de desculpas! Todas em forma de perguntas, mas o que
realmente queria era não aceitar essa “loucura”! No fim, Deus resolveu todos os
seus questionamentos e ele ficou sem argumentos, obedecendo.
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(imagem retirada de blogs.odiario.com) |
Partindo para o Novo
Testamento, Jesus chamou ou 12 discípulos (Mt 10.5-10; Mc 6.8) para resgatar as
ovelhas perdidas de Israel, dando-lhes instruções específicas para se
“desapegarem” dos seus pertences e até da preocupação com o dinheiro, além de
relatar as ações que deviam realizar. Nas palavras do Pr. Russel Shedd, eles
deveriam “tomar uma atitude de fé com a obra missionária, aceitando as
condições de vida que Cristo e a comunidade dos fiéis lhe ofereceram” (Bíblia
SHEDD, 1997, p.1343).
Parece-me que algo
mudou nos nossos tempos... Deus não foi, porque Ele não muda, mas podemos
afirmar que Ele não tem “padrões de ação”, até porque Ele é Senhor Absoluto,
portanto, não podemos limitá-lo. No chamado de alguns Ele explica tudo, para
outros, absolutamente nada; para alguns o ministério é por um tempo limitado,
para outros, praticamente a vida toda; para alguns exige dedicação parcial,
para outros, dedicação exclusiva; e assim por diante. Se Deus não muda,
restamos nós, os “chamados”!
É bastante comum
encontrar entre os “chamados” comentários e práticas como: “só aceito e vou
para tal ministério com todos os detalhes ajustados previamente”, ou “não
aceito tal ministério porque não tenho condições de sustentar minha família com
isso”, ou ainda “viver só do ministério? Depender de igreja? Jamais!”. E se
Deus disser que o ministério em determinado local acabou, que é hora de sair,
mas não disser nada sobre outro ministério? E se Deus chamar para um ministério
em um local que a pessoa considere ruim para sua vida? Ou com uma remuneração mínima ou até nenhuma?
Pensando na coletividade
dos “chamados”, sim, mudamos! Nós que dizemos a Deus o como, onde, quando e o
quanto dos ministérios que desejamos! A nossa vontade reina! Nossas ações
testemunham que não cremos que Deus é Jeová-Jireh,
Aquele que tudo provê! Cabe aqui ressaltar que Deus também provê através de
trabalhos seculares, mas isso depende da vontade d’Ele e do Seu chamado
específico para cada um de nós, não da nossa falta de fé! Muitas vezes as
portas só se abrem depois que nós O obedecemos...
“Ora, a fé é a certeza
de coisas que se esperam,
a convicção de
fatos que se não vêem” (Hb 11.1)
Se Deus lhe pedir para
andar no escuro,
você confiará nele?
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