terça-feira, 9 de setembro de 2014

O CHAMADO, O MINISTÉRIO E A FÉ EM DEUS

           Para iniciar nossa reflexão seleciono apenas três personagens dos textos bíblicos: Abraão, Moisés, e os 12 discípulos de Jesus, todos chamados por Deus para um ministério específico com um grupo de pessoas.    
(imagem retirada de www.rudecruz.com)
        No caso de Abraão (Gn 12.1-5), Deus o chamou dizendo apenas: “Sai de onde estás! Eu farei uma grande nação a partir de você, mas lhe mostrarei para onde deves ir durante o caminho!” (adaptação nossa). E o texto bíblico ressalta: “Partiu, pois, Abraão, como lhe ordenara o Senhor...” (ed. rev. e atual.). Ora, imagino que não tenha sido uma mudança fácil! Abraão tinha consigo mulher, um sobrinho e serviçais, além de bens adquiridos. O texto não fala, mas, pelo perfil de Sarai, posso até imaginá-la questionando: “Como assim? Vamos pra onde?” O fato é que Abraão, o “pai da fé”, não questionou nem discutiu, simplesmente obedeceu.

(imagem retirada de celiodesign.wordpress.com)
            O chamado do segundo personagem, Moisés (Ex 3 e 4),  já foi um pouco diferente: Deus o chamou para voltar pro Egito, já explicando o que iria fazer lá (livrar o povo de Israel da escravidão do Egito) e dando vários detalhes do como iria fazer isso. Ora, também não foi uma mudança fácil! Moisés estava no campo já há 40 anos, bem sossegado, casado e pastoreando ovelhas na casa de seu sogro e agora Deus o chama para voltar pro Egito? Justamente o lugar onde toda a casa real o conhecia (Ex 2.9-10) e de onde havia fugido por matar um egípcio que espancava um servo hebreu (Ex 2.11-15)? Moisés, diferente de Abraão, encheu Deus de desculpas! Todas em forma de perguntas, mas o que realmente queria era não aceitar essa “loucura”! No fim, Deus resolveu todos os seus questionamentos e ele ficou sem argumentos, obedecendo.
(imagem retirada de blogs.odiario.com)
            Partindo para o Novo Testamento, Jesus chamou ou 12 discípulos (Mt 10.5-10; Mc 6.8) para resgatar as ovelhas perdidas de Israel, dando-lhes instruções específicas para se “desapegarem” dos seus pertences e até da preocupação com o dinheiro, além de relatar as ações que deviam realizar. Nas palavras do Pr. Russel Shedd, eles deveriam “tomar uma atitude de fé com a obra missionária, aceitando as condições de vida que Cristo e a comunidade dos fiéis lhe ofereceram” (Bíblia SHEDD, 1997, p.1343).
            Parece-me que algo mudou nos nossos tempos... Deus não foi, porque Ele não muda, mas podemos afirmar que Ele não tem “padrões de ação”, até porque Ele é Senhor Absoluto, portanto, não podemos limitá-lo. No chamado de alguns Ele explica tudo, para outros, absolutamente nada; para alguns o ministério é por um tempo limitado, para outros, praticamente a vida toda; para alguns exige dedicação parcial, para outros, dedicação exclusiva; e assim por diante. Se Deus não muda, restamos nós, os “chamados”!
       É bastante comum encontrar entre os “chamados” comentários e práticas como: “só aceito e vou para tal ministério com todos os detalhes ajustados previamente”, ou “não aceito tal ministério porque não tenho condições de sustentar minha família com isso”, ou ainda “viver só do ministério? Depender de igreja? Jamais!”. E se Deus disser que o ministério em determinado local acabou, que é hora de sair, mas não disser nada sobre outro ministério? E se Deus chamar para um ministério em um local que a pessoa considere ruim para sua vida? Ou com uma remuneração mínima ou até nenhuma?
    Pensando na coletividade dos “chamados”, sim, mudamos! Nós que dizemos a Deus o como, onde, quando e o quanto dos ministérios que desejamos! A nossa vontade reina! Nossas ações testemunham que não cremos que Deus é Jeová-Jireh, Aquele que tudo provê! Cabe aqui ressaltar que Deus também provê através de trabalhos seculares, mas isso depende da vontade d’Ele e do Seu chamado específico para cada um de nós, não da nossa falta de fé! Muitas vezes as portas só se abrem depois que nós O obedecemos...

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam,
a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1)



            Se Deus lhe pedir para andar no escuro, 
você confiará nele?

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