Passei o período de Carnaval em casa, uma raridade. Normalmente aqui em frente, por ser praia, toca-se direto o que alguns consideram música: um repertório pobre musicalmente, com letras de pura apelação sexual. Eu chamaria esse repertório de "música de bêbado pobre", cujo um dos últimos sucessos é a tal da "Posição da Rã". Quem já ouviu sabe do que estou falando, e pra quem não ouviu, não vale a pena eu sequer escrever a letra pra vocês.
Enfim, com essas eu já estou acostumada, mas... Numa dessas manhãs do Carnaval, ainda dormindo, pensei estar sonhando:"Vem, Senhor encher este lugar... anram, anram... anram, anram, anram!"
Com o raciocínio ainda lento, levantei meio atordoada e percebi que ainda estava ouvindo essa "versão"! Abri a porta do quarto e gritei pra minha mãe: "Eu to sonhando ou é isso mesmo que eu estou escutando?". Ela, sorrindo, respondeu: "É sim. São os crentes!"
Antes que vocês pensem o que eu também pensei, na verdade era um grupo de jovens da Episcopal, que alugou um apartamento no prédio ao lado do meu e passou todas as manhãs do período de Carnaval fazendo evangelismo no "point", que é na frente do meu prédio. Sim, a música da rã estava tocando num carrinho de vender CDs, de um vendedor ambulante - nenhum vínculo com a música dos jovens da Episcopal, rsss.
O fato é que eles me chamaram a atenção - montaram um estrutura simples de som; com um violão, um baixo, percussão e uma voz; distribuindo garrafinhas de água de graça; com uma faixa onde se lia: "Bloco Jesus é a Água da Vida"!
Quando desci pra ver mais de perto, haviam vários grupinhos de duas, no máximo três pessoas, conversando com os que se aproximavam. Soube depois que um dos que "davam a Palavra" havia se convertido num trabalho parecido realizado nas ladeiras de Olinda.
Pense comigo: onde estão os "crentes" no período de Carnaval? Nos retiros, acampamentos, em sítios ou viajando com a família. Quero dizer: isolados de todo mal! Sobem ao monte, desfrutam da presença maravilhosa do Senhor Deus e dizem como Pedro: "Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tendas" (Mateus 17.4).
Enquanto isso, as ruas das cidades são tomadas por milhões de pessoas, numa "brincadeira" promovida pelo príncipe deste mundo. Tudo é diversão, diz ele, mas nela está acoplada a busca desenfreada pelo prazer, a bebedeira, as infidelidades, as drogas, a prostituição, a apologia ao homossexualismo, só pra citar alguns.
Sinceramente falando, ponha-se no lugar de um "não-crente" - você deixaria de ir pro Carnaval pra ir a um retiro espiritual? OK, existem alguns que vão, mas são pouquíssimos em relação ao mar de gente do Carnaval.
Eis um assunto polêmico: trios elétricos evangélicos e evangelismo de rua no meio do Carnaval! Estaríamos usando as mesmas "armas" de Satanás?
Dêem uma olhadinha nesse vídeo:
Lembro-me agora de um patriarca: "Abraão plantou uma tamargueira em Beer-Seba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno. E peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias" (Gênesis 21.33,34).
“Abraão estava em terra de povos pagãos, e um dos costumes locais era adorar as árvores - acreditava-se que elas eram habitadas por ‘deuses’ ” (GOMES, 1985, p.131; LEITE FILHO, 1984, p. 102) ou serviam de oráculos dos cultos (GOMES, 1985, p.130). O fato é que Abraão plantou tamargueiras para cultuar ao Deus vivo, usando um costume local (KIDNER, 1979, p. 132) e transformando estes “oráculos” em altares do verdadeiro culto, servindo como um testemunho para aquela gente (BUSH, 1999, p. 89; GOMES, 1985, p.131; LEITE FILHO, 1984, p.102).
Também me lembro de Paulo, que em plena Atenas, usou um dos altares daquele povo idólatra para discursar sobre o verdadeiro Deus (Atos 17.22-23)!
Enfim, o que aconteceria se os "crentes" deixassem de ir para seus "mosteiros" e invadissem cada esquina com louvores ao verdadeiro Deus, teatros impactantes e tantas outras formas de tornar conhecido o nome do verdadeiro Deus?
FIQUE AÍ PENSANDO...
Referências:
BUSH, Frederic W.; HUBBARD, David A.; LASOR, William S. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999.
GOMES, David. O judeu chamado Abraão. ed. 2. Rio de Janeiro: Escola Bíblica do Ar, 1985.
KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. ed. 1. São Paulo: Vida Nova, 1979.
LEITE FILHO, Tácito da Gama. O desafio da fé: vida, época e mensagem de Abraão. Rio de Janeiro: JUERP, 1984.
Oi querida Keila, já passei por algo igual, sabia que na virada do ano milhares de tendas são armadas na Praia Grande, com terreiros de todo Brasil para saldar Yemanjá? Aí resolvemos ir evangelizar alí... menina!!! parada duríssima, estar no meio do inferno falando de Jesus. Foi uma passagem marcante, creio que vale a pena fazermos coisas diferentes. Agora que retiro é muito bom,isso é, lembra dos nossos com as brincadeiras que criamos. Grande beijo pra ti linda....fica com Deus.
ResponderExcluirEsse post é um verdadeiro "acoooorda, crente!!!!"... Infelizmente, estamos nos "alimentando" tanto, a ponto de ficarmos "obesos" e não termos força para sair "das quatro paredes"... Que Deus nos desperte!
ResponderExcluirE que Ele te abençoe e continue usando + e +...
Bjos!