sexta-feira, 29 de junho de 2012

Da contratação de um pianista na Igreja - o tipo de pianista


(imagem retirada de http://theatrosaojoaodesobral.blogspot.com.br/2010_12_01_archive.html) 

      Existem diferentes tipos de pianistas - o Concertista ou Solista, o Camerista, o Correpetidor e o Acompanhador ou Colaborador.

      O Concertista é aquele que se apresenta em concertos (1), ou que foi treinado para isso, para ser solista - toda a sua execução musical depende apenas de si mesmo. 

      O termo "Camerista" vem da música de câmara, que pode ser definida como música erudita escrita para um pequeno grupo de músicos, geralmente instrumental sendo quase sempre menos de dez executantes (apenas uma parte para cada instrumento), tocada facilmente em uma sala pequena, ou, no passado, em uma casa particular (2; 3, págs 20-21).

      Sobre o Correpetidor:
"Para ADLER (1976) o termo PIANISTA CORREPETIDOR vem de uma adaptação de outros idiomas tais como répetiteur (francês) e Korrepetitor (alemão). No francês, répetition significa ensaio, e  repetiteur é o pianista encarregado do ensaio e preparação de cantores e/ou instrumentistas. Em alemão, o termo  Korrepetitor refere-se ao pianista preparador, tanto vocal como  instrumental. Concluímos então que o PIANISTA CORREPETIDOR é aquele – assim como o répetiteur e o Korrepetitor – que desempenha função de ‘ensaiador’ para preparação de solistas para  performance, realizando ou executando reduções de orquestra, juntamente com o professor de canto, de instrumento ou com o maestro – e se necessário, até mesmo substituindo-os" (3, pág 22). 

       Outro termo usado para o Correpetidor, que pode clarear o seu significado, é coach:
"o coach - se relaciona mais ao canto lírico onde o pianista atua com grupos de ópera e cantores diversos, contribuindo no ensaio dos papéis dos personagens bem como no repertório dos mesmos. O correpetidor também é um profissional que possui conhecimentos em técnica vocal, dicção lírica e fonética e conhecimento de diversos idiomas estrangeiros além de trabalhar com o repertório vocal". (4)

       Enfim, como definiu meu amigo e regente Gerônimo Brito, o pianista correpetidor é um regente disfarçado.



       A nomenclatura "Acompanhador"  pode colocar em segundo plano a importância do pianista e, por isso, vem sendo substituída por "Colaborador" (collaborative pianist) - aquele que toca com um ou mais instrumentistas e/ou cantores, colaborando com os demais para a produção de uma obra, o que o coloca em pé de igualdade com os demais (3, pág. 25).
      O Colaborador precisa observar as técnicas e particularidades dos outros instrumentos/cantores, assimilar suas interpretações para resultar em uma execução una, indivisível e equilibrada (3, pág. 25).

       Finalizando, é importante notar que todos os pianistas passam pela mesma formação (saberes específicos) (5), apurando sua técnica pianística através do estudo do piano solo, entretanto, os cameristas, correpetidores e colaboradores desenvolvem a habilidade de interação com outros através da vivência nessas áreas (saberes da experiência) (5), o que os leva a se especializarem cada vez mais através da busca dos outros conhecimentos necessários, como as técnicas e particularidades de outros instrumentos e vozes, fonética e pronúncia de outras línguas e regência, para intervir na realidade (saberes pedagógicos) (5). 

    Ao cogitar na contratação de um pianista na Igreja a primeira questão deve ser:

 QUE TIPO DE PIANISTA DEVE SER CONTRATADO?

    Para responder basta uma rápida observação sobre o trabalho de um pianista na igreja, que geralmente envolve:
1-Acompanhar conjuntos e coros
2-Fazer ensaios de naipes
3-Tocar músicas por partitura e por cifras
4-Ter boa leitura à primeira vista
5-Tocar em conjunto com outros instrumentos
6-Acompanhar as indicações e interpretações dos regentes

     Podemos concluir que não basta ser um concertista/solista - que o digam os regentes de coros que possuem pianistas que, nos termos coloquiais, "vão se embora sozinhos e quem quiser que os siga"! 
     O ideal para a igreja é contratar um pianista Colaborador ou Correpetidor, cujas características já expostas acima devem ser observadas no currículo e/ou através de entrevista oral e prática, realizada, obviamente, por alguém que entenda da área e das necessidades musicais da Igreja em si.   

Referências:
(1) http://www.dicio.com.br/concertista/
(2) http://dictionary.cambridge.org/dictionary/british/chamber-music
(3) MUNDIM, Adriana Abid. Pianista Colaborador: a formação e atuação performática voltada para o acompanhamento de Flauta Transversal. Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação como requisito parcial para a obtenção do título de 
Mestre em Música. Orientadora: Profª Drª Margarida Borghoff. Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.  
(4) http://ocorrepetidor.blogspot.com.br/2010/12/o-que-e-correpetidor.html
(5) citação de Pimenta, Selma Garrido em CUNHA, Kátia Silva. Desafios da formação continuada no processo de construção da identidade profissional. LUMEN, Recife, v.18, n.2, jul/dez 2009, p.61-75.