terça-feira, 22 de julho de 2014

DESCASOS NA ÁREA DA SAÚDE - EU ME IMPORTO!

Há alguns dias um senhor (Nelson França, 48 anos, vigilante) passou mal dentro de uma lotação e foi deixado no chão, logo à frente da entrada de um hospital particular, em São Paulo. Notem que o descaso começou na lotação, pois não o deixaram dentro da clínica e ninguém se prontificou a ficar com ele.

Outro caso de semanas atrás foi bem parecido - outro senhor (Luiz Carlos Marigo, 63 anos, fotógrafo) estava em um ônibus, quando passou mal e também foi deixado na frente de um hospital federal, no Rio de Janeiro.

Nos dois casos ninguém dos hospitais se importou com aqueles homens. Funcionários, enfermeiros e médicos viram ou souberam que havia alguém ali na frente passando mal, mas ninguém fez nada. Devo notar que ambos aparentavam ter poucas condições financeiras - ônibus, lotação, trajes simples - mas em um dos casos era só aparência... Talvez, se fossem celebridades, plenamente conhecidos, como o Schumacher, prontamente seriam atendidos e até ressuscitados!

Não preciso dizer que nos dois casos a negligência tem fundo financeiro, mas preciso ir mais fundo e dizer que aqueles médicos, enfermeiros e funcionários só teriam feito alguma coisa se tivessem certeza que receberiam algo bom em troca. É até irônico que em um dos casos a administração do hospital logo informou que faziam atendimentos sociais - uma atividade institucional, mas na hora da situação extra-oficial o procedimento foi diferente.

Alguns momentos de reflexão resultaram na constatação de que há milhões de jovens que escolhem suas carreiras não porque possuem aptidão ou vocação para aquilo, mas porque terão maiores possibilidades financeiras na vida. É a raiz de todos os males imperando e suplantando o amor ao próximo, a compaixão, a misericórdia...

Lembro então do meu primo, André Cavalcanti, que foi atropelado ainda criança e, pelo que me lembro, seus pais não conseguiram  logo socorrê-lo. O motivo: era um quase morto.

Lembro também de quando fui internada na minha gravidez, quando o colo do útero se abriu no 5o. mês, e tive que lidar com diversos profissionais de saúde que não queriam lutar pela vida, mas apenas se livrar logo de um "aborto", mesmo minha filha estando ainda viva.

Onde estão os que juraram lutar pela vida? Ainda estão por aí, mas infelizmente, são minoria. 

Meus tios lutaram por André, e ele está bem vivo, casado e feliz, muitos anos depois do ocorrido. Eu lutei por minha filha, mas não venci - deixei uma médica altamente conceituada para ir em busca de um profissional que se importe em lutar pela vida. No caso daqueles dois homens, não houve sequer quem lutasse por suas vidas... Morreram com as pessoas apenas olhando, inertes como quem observa um inseto agonizar e morrer.

Enquanto reflito, meus pensamentos me levam para uma conexão final: e quanto aos descasos na área da saúde espiritual? Quantos cristãos convivem com amigos e parentes que ainda não conhecem a Deus, ou que um dia o conheceram e hoje caminham conscientemente por veredas tortuosas? Quantos se importam com a saúde espiritual deles? 

O povo de Deus tem se amoldado à sociedade em que vive na medida em convive indiferentemente com eles, muitas vezes apoiando e acolhendo práticas pecaminosas em nome da boa convivência, da livre escolha e do relativismo. 


(imagem retirada de
 http://blog.cancaonova.com/diarioespiritual/tag/pecadores/)
É verdade, Jesus conviveu com os pecadores e os acolheu, mas nunca apoiou ou acolheu suas práticas, pelo contrário, sempre falou abertamente sobre o que agradava ou desagradava a Deus, sobre o certo e o errado, se importando veementemente com a salvação de cada vida que passava por Ele. Sempre com amor, compaixão e misericórdia.

Fica a pergunta: eu realmente me importo?