quarta-feira, 29 de junho de 2016

Dicas para o Dirigente do Culto

(por Keila Guimarães de Campos) 

1. Leia atentamente a liturgia antes de começar o culto.
Se não foi você que fez a liturgia, é imprescindível ler e refletir sobre ela antes de começar o culto. E se você fez a liturgia, mesmo assim é apropriado recordá-la. Nem sempre o culto terá a mesma sequência costumeira, e é bom que haja variações de vez em quando para que não caiamos em uma rotina impensada. Se você vai dirigir o culto, precisa saber de antemão tudo o que vai acontecer e como deverá conduzir a congregação em cada parte.

2. Procure não fazer quebras dentro de cada parte do culto.
Geralmente as partes do culto não são nomeadas na liturgia, mas você deve identificar o que está dentro de cada uma delas – Confissão, Comunhão, Adoração e Ação de Graças, Petição e Intercessão, Proclamação e Testemunho, Consagração, etc. Por exemplo: entendendo que uma leitura bíblica, um hino e uma oração estão dentro da parte Adoração, procure não quebrar aquela sequência com outras coisas, participações e comentários que não conduzam à adoração.  
(imagem retirada de www.profitf.com)

3. Faça “links” para que todos entendam a linha temática do culto ou as suas partes.
Com breves comentários você pode ressaltar o que liga uma leitura bíblica com o cântico que vem em seguida, ou a letra da mensagem musical com o momento de oração, ou ainda, reforçar o tema do culto, estando ele explícito ou não. Isto ajuda a tornar o nosso culto mais consciente e racional.

4. Não fale demais, nem de menos - busque o equilíbrio.
Se você falar de menos, não fará os “links” necessários na condução do culto. Se você se prolongar demais falando, as pessoas poderão se sentir incomodadas, ou perderão a concentração. Lembre-se que haverá uma pregação - poupe as pessoas para que não cheguem cansadas auditivamente ao momento da Palavra.

(imagem retirada de psicolaevandralidia.blogspot.com)

5. Não ordene, sugira (SANTOS, LUZ, 2003, p. 194).
Para algumas pessoas, inclusive os visitantes, nada é mais constrangedor do que ter abraçar ou dizer frases para quem está do seu lado porque o dirigente “mandou”. Você não é um apresentador de programa de auditório que levanta as plaquinhas “aplausos” ou “risadas” e todos tem que fazer. Procure deixar as pessoas à vontade. Sugira... Estimule... Mas não dê ordens.

6. Não nomeie as divisões durante as leituras bíblicas.
Nunca leia as divisões durante uma leitura bíblica alternada (ou responsiva) (ex: Dirigente... Congregação...). Se for necessário, explique as divisões antes de começar a leitura (ex: “atentem para as divisões – dirigente, vozes femininas, vozes masculinas”). Se a igreja já está acostumada e não há alguma divisão fora do habitual, então nem é necessário explicar.

7. Se existe uma ordem do culto, evite apresentar cada participação especial.
Havendo um boletim, ou ordem de culto projetada no datashow, ou impressa só para quem fará alguma parte do culto, então não será necessário apresentar os participantes, a não ser que eles sejam convidados especiais de outras igrejas. Concorda que todos sabem ler? Concorda que a igreja conhece os seus membros e grupos? Então apenas oriente cada participante a “ficar ligado” e se dirigir à plataforma de forma que não haja tempo de espera (buracos na programação). Além de otimizar o tempo, isso torna o culto mais dinâmico.

8. Deixe para elogiar as performances pessoalmente - durante o culto ressalte as mensagens proclamadas.

Naturalmente somos atraídos pela beleza estética e por isso temos a tendência de, especialmente após uma apresentação musical, fazer elogios como: "Linda voz!" ou "Linda música!" ou ainda "Belíssima apresentação!".  Se pensarmos melhor, durante um culto este tipo de elogio chama atenção para a performance e/ou para as pessoas. Seria muito melhor chamar a atenção para a mensagem que foi passada, como: "Através dessa música fomos desafiados a...", ou "Louvado seja Deus!" e prosseguir destacando uma ou duas frases da música, ou ainda "Que possamos nos esforçar sempre para...".  

Lembre que o nível de desenvolvimento dos talentos pessoais, ou coletivos (no caso de grupos) é muito variável, por isso, pode acontecer de uma apresentação não sair muito bem, do ponto de vista técnico ou estético, o dirigente não se sentir estimulado a elogiar, e as pessoas se sentirem diminuídas por isso. Para o ser humano é muito fácil dar vazão à vaidade e à vanglória... Por outro lado, elogios sinceros são motivadores, então, faça isso pessoalmente, após o culto!

9. Cuidado para não transformar o culto em academia, e também para não “entrevar” alguns.
(imagem retirada de blogtiotano.blogspot.com)
Se em um momento você pede para ficar em pé, logo em seguida sentar, depois em pé novamente, as pessoas ficarão incomodadas fisicamente e perderão o foco no culto. Deixe que elas se exercitem nas academias e parques da cidade. Da mesma forma, se deixar a congregação muito tempo sentada, vários poderão se incomodar (principalmente se os assentos forem duros), e alguns poderão até ter dificuldade de levantar depois. O cuidado com a saúde da coluna inclui não permanecer mais de uma hora em uma posição estática.  

10. Existe cântico congregacional apropriado para cada momento do culto.
A música no culto deve ser funcional, inclusive a congregacional. Ex: se o hino ou cântico é de Adoração, estamos nos dirigindo a Deus, então não é momento para pedir que todos se confraternizem se abraçando – isto deve ser feito no momento de comunhão, ou então peça aos músicos uma música apropriada para isto. De igual modo, não deve haver uma música congregacional bem agitada no momento de oração – ela deve ser mais calma, para levar à introspecção. Fique atento ao texto e estilo da música para que ela “case” com a parte do culto em questão.

11. Não use o cântico congregacional como pano de fundo.
(imagem retirada de alfredo-de-souza.blogspot.com)
“Os cânticos congregacionais têm um propósito específico no culto e não devem ser usados para a entrada de retardatários, e muito menos para preencher o tempo à espera de alguém ou do início da programação” (SANTOS, LUZ, 2003, p. 198).

Atenção: o culto começa já no processional!

12. Valorize os momentos de silêncio do culto.

“Assim como o homem precisa do som e das imagens no culto ele também necessita da ausência deles em algum momento para uma melhor e maior introspecção. A agitação da vida moderna pede que tenhamos momentos como este para buscarmos um equilíbrio interno. (...) para que as pessoas possam pensar mais em Deus e descansar nele depois de chegarem agitadas à igreja e carregadas de problemas. Mas, lembre-se: momento de silêncio é silêncio mesmo! Não coloque uma música tocando ao fundo, nem peça que os instrumentistas toquem algum hino, pois, as imagens que se formarão com a familiaridade com a música poderão atrapalhar o pensamento a buscar a presença de Deus pura e simplesmente, não devido às imagens que se formaram na mente” (SANTOS, LUZ, 2003, p. 198).

A igreja também tem o seu papel educacional – diante da vida corrida e povoada de ruídos que nossa sociedade nos impõe é nosso dever resgatar o valor do silêncio, principalmente na devoção espiritual.

(imagem retirada de www.wallpaperscristaos.com.br)

13. Lembre-se, sua função é facilitar que as pessoas se conectem a Deus e Sua Palavra, nada mais.
O bom dirigente passa suavemente pelo culto, sem chamar atenção para si ou paras pessoas que estão fazendo participações especiais. Os olhos, o foco, e a concentração de todos devem estar em Deus e em Sua mensagem através das leituras, músicas e pregação. É a Ele que prestamos culto! Toda glória, pois, somente a Ele!

(imagem retirada de luanallmeidah.wordpress.com)

“O método mais excelente que encontrei para ir até Deus é aquele de fazer coisas comuns sem qualquer intento de agradar aos homens e, até onde sou capaz, fazê-las puramente por amor a Deus” (LAWRENCE, 2003, p. 80)
 Referências:SANTOS, L. C. G; LUZ, W. N. R. Culto cristão: contemplação e comunhão. Rio de Janeiro: JUERP, 2003.
LAWRENCE; LAUBACH, F. Praticando a presença de Deus. Rio de Janeiro: Danprewan, 2003.