segunda-feira, 31 de março de 2014

LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS NA ATIVIDADE PIANÍSTICA - RELATO DE CASO

(imagem retirada de http://vidaseverdades.blogspot.com.br)
Observando queixas de alunos e suas rotinas de estudo, tenho me empenhado em conversar, no intuito de desenvolver a conscientização sobre os riscos da atividade pianística.

Confesso que a questão somente passou a ter a devida importância após acometer a mim mesma, e por isso, passo a descrever resumidamente o meu próprio caso:

Pianista profissional com longos anos de experiência, me descuidei, relaxando em relação à manutenção de uma atividade física. Após alguns anos, comecei a sentir uma espécie de queimor ocasional nos músculos das costas (lateral direita).

Uma vez... Duas vezes... Assim que notei que os espaços entre os queimores estavam diminuindo procurei ajuda médica  Infelizmente, por mais que se tenha um bom plano de saúde, e a indicação de médicos, passei dois anos sendo acompanhada por ortopedistas que apenas diziam ser um problema muscular. A conduta era sempre a mesma - remédios (ou injeção no músculo), fisioterapia e a indicação de ir para a academia fazer musculação após passar o queimor.

Como o queimor diminuía com os remédios, mas não era eliminado totalmente, concluí (por conta própria) que não devia "ir pra academia", com medo de piorar a sensação.

Troquei de médico várias vezes... Os queimores viraram dores... Eu mesma solicitei uma ressonância magnética e recebi o parecer que nada havia na minha coluna que pudesse causar os transtornos.

Finalmente, com um súbito aumento da atividade pianística, todos os músculos do lado direito das costas literalmente travaram! Dores insuportáveis (até pra quem, como eu, tem um limiar alto de dor) e incapacitantes de qualquer atividade com o braço direito (não só a pianística)!

Mais uma troca de médico, desta vez de forma urgente, e a constatação de que, pela falta de atividade física por vários anos, os músculos tornaram-se fracos para a exigência da atividade pianística, acrescida da atividade como regente. Essa fraqueza muscular não segurou a coluna no lugar certo, por isso, haviam, sim, alterações que contribuíam para o desenvolvimento do quadro - retificação na cervical, protusão discal, curvatura contrária nas últimas vértebras. Segundo o novo especialista médico, minha coluna havia se moldado à minha postura como pianista (sempre sentada e ereta), e se eu houvesse obedecido as recomendações anteriores e estivesse tentando fortalecer a musculatura em uma academia, a situação teria se agravado muito mais.

Desde então, há dois anos, venho passando por um processo lento de reabilitação, ainda não completo, que incluiu ou inclui:

  • remédios (em um primeiro momento);
  • fisioterapia de analgesia;         
  • acupuntura;
  • RPG (técnica fisioterápica de reeducação postural global);
  • Pilates (exercício físico baseado na respiração, equilíbrio, alongamento e desenvolvimento do tônus).


Houve alguns meses que precisei parar com todas as minhas atividades... No momento de maior crise pensei que jamais teria condições de tocar novamente... Mesmo com os anos que perdi sendo mal orientada e a situação agravada, os tratamentos tem trazido evolução.


Muita paciência é necessária - somente em novembro de 2013 fui liberada para começar uma atividade física, o Pilates, mas apenas uma vez por semana, com as cargas mais leves, que o corpo vá se fortalecendo sem agravar o quadro já instalado. 

Muitas mudanças foram necessárias - de pensamento, de atitude, de rotina, de consciência! Por isso, esse relato deve servir para reflexão, fomentando uma autoavaliação de sua atividade pianística e de toda a sua condição física, seja como aluno, seja como profissional.

Com os devidos ajustes e cuidados, eu continuo pianista. Graças a Deus, pois não saberia viver sem o meu piano! Mas o fim desse relato poderia ser diferente... 


Reflexão e autoavaliação - o primeiro passo!

quinta-feira, 27 de março de 2014

CRÔNICA DE MARÇO

Imagem retirada de www.focandoanoticia.com.br
Crônica é a dor que persiste por mais de 3 meses, e eu tenho duas. A primeira já dura onze anos, a segunda apenas um, mas ambas crônicas de saudades que se juntam em março.

Saudade não se descreve, se sente, e notoriamente o sentimento carrega consigo lembranças e dor. 

Março traz as lembranças dos abraços, beijos, festas surpresas e presentes por ocasião do aniversário do meu pai. Lembranças felizes de alguém com quem convivi o suficiente para guardar todas elas no lugar mais especial da minha alma. Lembranças felizes que trazem a saudade, e a saudade carrega consigo a dor da ausência.

Março traz também as lembranças do falecimento da minha filha. Lembranças das sensações que ela me proporcionou enquanto estava em meu ventre, e que guardo no mesmo lugar especial. Lembranças de quem não vi, mas que sua ausência me traz uma dor infinita.

Um março de dores crônicas, diferentes e iguais, que sinto na alma e no corpo cansado, dolorido, mesmo sem esforço. Dores que vejo surgir em outros, e somam-se às minhas, por saber e entender o que sentem e ainda sentirão.

Março está terminando, e então vem o abril, carregado da maior de todas as dores - a dor de Jesus Cristo ao morrer na cruz do Calvário. Dor maior não houve, não há e jamais haverá! Ele levou sobre si todas as nossas enfermidades e pecados! Ele sabe o que é sofrer! A dor da perda de um grande amigo, quando chorou por Lázaro... A dor da morte de um filho, sendo Ele o Deus Triúno... A dor da ausência de tantos filhos e criaturas que não vivem um relacionamento diário com Ele... A dor inigualável da Via Crucis do justo pelos injustos...

O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e é por isso que abril sempre vem, abrindo as despensas celestes da paz através da ressurreição de Cristo. O que seria de nós se não fosse essa esperança? Aqueles que se tornaram filhos de Deus, aceitando a dor de seu filho na cruz como único e suficiente sacrifício pelos nossos erros, serão com Ele ressuscitados para a vida eterna. A morte foi vencida por Ele para nós!

Um dia os céus se abrirão, ou para a nossa passagem deste mundo cheio de dores para a vida eterna com Deus, ou para o retorno triunfante do Rei Jesus. Quem sabe não será num mês de abril?

"E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Apocalipse 21.4).

Que venha abril! Me mostrando que ainda tenho que viver... Me lembrando da esperança: um dia estaremos todos juntos na presença do meu Deus, sem dores, louvando, adorando e convivendo juntos por toda uma eternidade feliz!