quinta-feira, 1 de maio de 2014

FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM PIANISTAS

(retirado de <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfhScAG/lesoes-musculo-esqueleticas>)


Não tenho a pretensão de fazer textos acadêmicos neste blog, mas sim, levantar pontos de discussão e reflexão, primeiramente pessoais, mas que se estendem aos meus amigos, parentes, alunos, colegas de profissão, irmãos de fé e qualquer outro interessado.

É neste sentido que, continuando o tema de Lesões Musculoesqueléticas em Pianistas, passo a pontuar os fatores de risco para o seu desenvolvimento:

1 - Sexo Feminino
Chocado? Antes que os pensamentos de "preconceito" ou "discriminação" apareçam, as pesquisas confirmam que o sexo feminino é mais propenso a desenvolver lesões musculoesqueléticas, pois possui menos tônus e força muscular do que o sexo masculino.

2 - Variações anatômicas
Além da questão do gênero, algumas características físicas podem contribuir para o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas, como alterações na coluna, hipermobilidade articular, artrite reumatóide, distonia, etc...
   
3 - Idade
Quando somos jovens nosso corpo aguenta certos esforços mesmo se não estivermos nos cuidando direito, mas depois dos 35 ou 40 anos a situação muda. Você já ouviu alguém dessa idade dizer - "mas antes eu fazia isso e não sentia nada"? O tempo passa... E a resistência muscular diminui... É fato. 

4 - Estudar demais
Muita gente já ouviu que para ser pianista tem que estudar 8hs por dia, mas isso é um risco muito alto. É verdade que o piano exige muito estudo ou treino, mas estudar ininterruptamente por horas a fio é um fator de alto risco.

5 - Aumento repentino de tempo no piano
Se o pianista costuma estudar/tocar 3hs por dia e, de uma hora pra outra, passa à 6 ou 7hs, estará em grande risco de desenvolver  lesões musculoesqueléticas. Seja pelo aumento da vontade ou necessidade de treinar mais, ou por compromissos profissionais, mudar a rotina drasticamente para um esforço maior é extremamente perigoso. 

6 - Permanecer na mesma posição por muito tempo
Complementando os dois itens anteriores, estudos relacionam a permanência prolongada na posição sentada com o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas, tanto em músicos, como em trabalhadores de setores administrativos, e outros. Nosso corpo foi feito para estar em movimento, por isso, toda permanência em uma posição estática levará fatidicamente a problemas físicos.

7 - Sedentarismo
A vida do pianista é permanecer sentado tocando e muitos são tão apaixonados pelo que fazem que não fazem mais nada além disso. O perigo é: existe uma cultura de que música é lazer e, portanto, fazer música não é visto como esforço físico. Na realidade, ser pianista é uma profissão com altas demandas físicas (e psicológicas) e por isso o pianista deve ser visto como um atleta de alto nível. As exigências físicas são altas e, não havendo uma preparação física anterior e contínua, o corpo não estará em condições para suportar a atividade, gerando dores e inflamações que, se não cuidadas, se tornarão  lesões musculoesqueléticas.    

8 - Excesso de ansiedade e tensão
Muitos músicos, estudantes principalmente, possuem um medo tal das apresentações, recitais e concertos que os leva a desenvolver ansiedade e tensão muscular.  Faz parte da personalidade do músico ser perfeccionista e assim exigir dos demais, desta forma, a alta cobrança da profissão contribui para tensões. Alguns músicos profissionais chegam a tomar ansiolíticos para enfrentar seus compromissos! Assim, se o músico não aprender a lidar com essas questões, as tensões geradas podem progredir para uma  lesão musculoesquelética.

9 - Dificuldade técnico-musical
Tanto a técnica errada, advinda do mau ensino ou da fase em que o aluno ainda está buscando apreendê-la, como uma peça ou repertório muito acima do nível técnico do aluno ou de grande dificuldade para o pianista, são fatores de risco para o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas.

10 - Mudança de professor
Existem várias correntes técnicas pianísticas, portanto é quase certo que professores diferentes tenham técnicas diferentes. A questão é que o aluno, ao mudar de professor, terá de fazer novas adaptações na sua forma de tocar. Quando essas são poucas, ótimo. Mas quando exigem uma grande ruptura com o que já estava assimilado então o risco de  lesão musculoesquelética é alto.
A mesma lógica serve para aqueles que possuem dois ou três professores de piano ao mesmo tempo. As exigências serão diferentes, provocando adaptações até de aula pra aula. O corpo, com certeza, reclamará. 


Finalizando, cabe ao pianista administrar esses fatores de risco em sua própria vida e lembrar sempre que dor é sinal de que algo não está bem no nosso corpo. Ao primeiro sinal, reveja sua práticas e cuide-se!! 

Sugestão de leitura
Não irei dar aqui todas as referências bibliográficas que tenho lido sobre o assunto, mas recomendar apenas uma leitura:

FRANK, A; MÜHLEN, C. A. Queixas musculoesqueléticas em músicos: prevalência e fatores de risco.  Revista Brasileira de Reumatologia, v. 47, n.3, p. 188-196, mai.-jun, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0482-50042007000300008&script=sci_arttext&tlng=es>.