terça-feira, 16 de dezembro de 2014

UNIDADE NA DIVERSIDADE

“...o corpo é um e tem muitos membros, 
e todos os membros, sendo muitos,
constituem um só corpo...”
 (I Co 12.12a)
  
Todo o capítulo 12 da primeira carta aos Coríntios trata da variedade dos dons espirituais, que o Espírito Santo distribui como quer a cada salvo (v.11), com vistas à edificação da Igreja, tanto no âmbito local como universal. Como é interessante notar a criatividade e a diversidade de Deus! Pessoas completamente diferentes na personalidade, em seus contextos históricos, sociais e culturais, nos talentos e dons, nas idades, nos gostos, reunidas para viver em unidade na igreja de Cristo.  Não parece um paradoxo?

Com o mínimo de observação e reflexão veremos que a unidade na diversidade:
· está na essência divina, demonstrada pela trindade do Deus único;
· está na criação, que, em seu estado natural e perfeito, vive em harmonia através da interdependência de milhões de espécies e materiais diferentes entre si;
· está na igreja, ou deveria estar – o processo de santificação nada mais é do que se tornar a cada dia mais parecido com Deus, o que inclui saber ser um, respeitando as diferenças e individualidades de todos;
· estará no céu, quando todos os salvos, de todas as épocas e culturas se unirão em louvor e adoração eternos.

Também podemos afirmar, sem sombras de dúvida, que a unidade na diversidade na igreja local só acontece quando:
· cada membro tem consciência dos tipos de inteligência, talentos e dons espirituais que possui, exercendo com prazer sua função específica no Corpo, sem querer ser o que não é ou fazer o que é função de outro (1 Co. 12.17);
(imagem retirada de deirmaoparairmao.blogsspot.com)

· o desejo de realizar as próprias vontades, idéias e opiniões cede sua primazia para o orar e buscar saber a vontade de Deus antes de qualquer decisão ou ação relacionadas a qualquer área, seja ela espiritual, administrativa, relacional ou financeira (Ef. 5.17; 6.6; Fl. 2.21);
· o amor a Deus e ao próximo, os dois grandes mandamentos, retiram as tendências egoístas, próprias do ser humano, e elevam os pensamentos e ações para o bem comum, observando todos os aspectos (I Co. 10.24, 33);
·   a paz é o árbitro dos corações, evitando falas e ações que promovam contendas e discórdias (Sl. 34.14; Tg. 3.18, Cl. 3.15);
· a igreja está preocupada e envolvida com a adoração e a proclamação (Ef. 1.5-6, 12; Mt. 28.19-20) – quando o foco está no lugar certo, não há tempo para questiúnculas.

Enfim, tudo se resume a conhecer e colocar em prática os ensinamentos bíblicos, pois a Bíblia é nossa regra de fé e prática.
(imagem retirada de verbomag.com)

Que nesse fim e início de ano, com novas posses em cargos e funções, possamos focar na prática dos ensinamentos bíblicos, procurando sempre contribuir para a unidade, pois o mundo verá o agir de Deus em nossa igreja não em nossas realizações, mas na unidade que respeita e valoriza a diversidade.  

(imagem retirada de www.comunidadecrista.org.br)

(imagem retirada de www.pulpitocristao.com)


“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo. 17.21).

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SOBRE O MINISTRO DE MÚSICA

O Ministro de Música...



...não é o Ph.D. em tudo sobre a música, mas sim, deve ser um perito em sua área de concentração.

...nunca está "pronto e acabado" em seus conhecimentos, simplesmente porque o músico é uma das poucas profissões que depende de prática e aperfeiçoamento contínuo.

...não é somente um músico experiente - ele deve ser o líder chamado e capacitado por Deus para gerir essa área de acordo com a vontade específica de Deus para cada igreja.

...não é apenas um líder - ele deve ser o líder espiritual, pastoreando seus músicos.

...não é superior a ninguém, porque no Reino de Deus todos devem estar sujeitos uns aos outros, mas deve ser respeitado e obedecido como autoridade instituída por Deus.

...não é onipresente, nem onipotente - ele deve sim, cuidar para que haja músicos e música adequada para cada atividade, e realizar tudo aquilo que estiver dentro de seu alcance sem, no entanto, exceder seus próprios limites físicos.

...trabalha na igreja e em casa, no expediente e fora dele, acordado e dormindo - sonhando, orando, refletindo, buscando, escolhendo, se preparando e realizando....não é perfeito, e por isso deve ter humildade para reconhecer e corrigir seus erros.

...recebe remuneração da instituição igreja, mas não é sustentado por ela, porque Deus é quem sustenta os seus vocacionados. 

...conta com a boa vontade de quem não é obrigado a fazer nada, mas deve levá-los a entender que o compromisso e a excelência no que se fazem para Deus vem da gratidão pela salvação imerecida e da consequente boa mordomia dos dons e talentos recebidos. 

...tem muitas pessoas aos seus cuidados e, por isso, assim como o pastor, não deve compartilhar suas angústias ministeriais com elas. Deus é o seu confidente, mas faz falta ter alguém de carne e osso com quem possa compartilhar.

...deve ter pé no chão e ser racional, entretanto, deve aprender a confiar em Deus de tal forma que possa responder afirmativamente aos desafios de fé que Ele lhe oferece, a despeito da lógica humana.

...deve avaliar o seu ministério - erros e acertos, pontos fracos e pontos fortes, momentos difíceis e momentos felizes - consciente que sempre haverão falhas, que nunca se conseguirá agradar a todos e disposto sempre a melhorar. 

...deve, sobretudo, reconhecer que tudo terá valido à pena se houver frutos dignos do Senhor a quem serve. Frutos musicais, relacionais e espirituais plantados e cultivados pelo poder do Espírito Santo através do Ministro, mas que crescem e perduram sem ele.

NÃO HÁ MAIOR ALEGRIA! 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PREVENÇÃO PARA PIANISTAS - ALONGAMENTOS EM CASA PARA A REGIÃO LOMBAR

(Imagem retirada de iccpersonal.blogspot.com)

       Permanecer muito tempo em uma posição estática é prejudicial à saúde, entretanto, várias profissões exigem essa situação. Entre elas está o músico pianista: são horas de estudo diário, ou ensaios com outros músicos, ou no ensino do instrumento. Resumindo, o pianista praticamente vive sentado! 
          Assim como outros profissionais que trabalham sentados, o pianista deve criar uma rotina preventiva de alongamentos diários. Cabe às instituições de ensino e seus docentes dar a devida importância à educação preventiva!
            Vamos, então, aos alongamentos:


(imagem retirada de br.guiainfantil.com)
Ajoelhe-se, respire fundo e expire inclinando o corpo até tocar a cabeça no chão, como na imagem ao lado.
Permaneça nesta posição por algum tempo, respirando pelo nariz e expirando pela boca, sempre de forma lenta e prolongada. 

(imagem retirada de pt.wikihow.com)

Fique "de quatro" no chão e movimente a coluna alternando o levantar a cabeça e empinar o bumbum com o abaixar a cabeça e arquear as costas. Faça uma série de 10 repetições. 



Deitado, com as costas no chão, os braços ao longo do corpo e as pernas flexionadas, respire e durante a expiração erga a pelve contraindo o bumbum até o corpo ficar em diagonal com o chão. Segure esta posição por alguns segundos, respire novamente e expire enquanto desce, voltando as costas para o chão. Faça uma série de 10 repetições.


(imagem retirada de sportemuscle.blogspot.com)
Ainda deitado, deixe os braços no chão em forma de cruz, flexione as pernas em 90 graus e mova-as para o lado, ficando alguns segundos nesta posição. Depois, faça o mesmo para o outro lado. Coordene a respiração para expirar sempre durante a movimentação. Faça uma série de 10 repetições. 

(imagem retirada de lar-natural.com.br)

Outra posição que alonga a região lombar é a que ilustra a figura ao lado. Deitado de costas no chão, dobre as pernas junto ao seu tronco abraçando-as com os braços. Permaneça nesta posição durante algum tempo, respirando pelo nariz e expirando pela boca.


É aconselhável procurar um ortopedista ou fisioterapeuta antes de realizar qualquer atividade física, mesmo o alongamento. ´
Se você já possui algum tipo de problema ou dor na região lombar, procure um profissional  para saber o que você pode e não pode executar!     

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O CHAMADO, O MINISTÉRIO E A FÉ EM DEUS

           Para iniciar nossa reflexão seleciono apenas três personagens dos textos bíblicos: Abraão, Moisés, e os 12 discípulos de Jesus, todos chamados por Deus para um ministério específico com um grupo de pessoas.    
(imagem retirada de www.rudecruz.com)
        No caso de Abraão (Gn 12.1-5), Deus o chamou dizendo apenas: “Sai de onde estás! Eu farei uma grande nação a partir de você, mas lhe mostrarei para onde deves ir durante o caminho!” (adaptação nossa). E o texto bíblico ressalta: “Partiu, pois, Abraão, como lhe ordenara o Senhor...” (ed. rev. e atual.). Ora, imagino que não tenha sido uma mudança fácil! Abraão tinha consigo mulher, um sobrinho e serviçais, além de bens adquiridos. O texto não fala, mas, pelo perfil de Sarai, posso até imaginá-la questionando: “Como assim? Vamos pra onde?” O fato é que Abraão, o “pai da fé”, não questionou nem discutiu, simplesmente obedeceu.

(imagem retirada de celiodesign.wordpress.com)
            O chamado do segundo personagem, Moisés (Ex 3 e 4),  já foi um pouco diferente: Deus o chamou para voltar pro Egito, já explicando o que iria fazer lá (livrar o povo de Israel da escravidão do Egito) e dando vários detalhes do como iria fazer isso. Ora, também não foi uma mudança fácil! Moisés estava no campo já há 40 anos, bem sossegado, casado e pastoreando ovelhas na casa de seu sogro e agora Deus o chama para voltar pro Egito? Justamente o lugar onde toda a casa real o conhecia (Ex 2.9-10) e de onde havia fugido por matar um egípcio que espancava um servo hebreu (Ex 2.11-15)? Moisés, diferente de Abraão, encheu Deus de desculpas! Todas em forma de perguntas, mas o que realmente queria era não aceitar essa “loucura”! No fim, Deus resolveu todos os seus questionamentos e ele ficou sem argumentos, obedecendo.
(imagem retirada de blogs.odiario.com)
            Partindo para o Novo Testamento, Jesus chamou ou 12 discípulos (Mt 10.5-10; Mc 6.8) para resgatar as ovelhas perdidas de Israel, dando-lhes instruções específicas para se “desapegarem” dos seus pertences e até da preocupação com o dinheiro, além de relatar as ações que deviam realizar. Nas palavras do Pr. Russel Shedd, eles deveriam “tomar uma atitude de fé com a obra missionária, aceitando as condições de vida que Cristo e a comunidade dos fiéis lhe ofereceram” (Bíblia SHEDD, 1997, p.1343).
            Parece-me que algo mudou nos nossos tempos... Deus não foi, porque Ele não muda, mas podemos afirmar que Ele não tem “padrões de ação”, até porque Ele é Senhor Absoluto, portanto, não podemos limitá-lo. No chamado de alguns Ele explica tudo, para outros, absolutamente nada; para alguns o ministério é por um tempo limitado, para outros, praticamente a vida toda; para alguns exige dedicação parcial, para outros, dedicação exclusiva; e assim por diante. Se Deus não muda, restamos nós, os “chamados”!
       É bastante comum encontrar entre os “chamados” comentários e práticas como: “só aceito e vou para tal ministério com todos os detalhes ajustados previamente”, ou “não aceito tal ministério porque não tenho condições de sustentar minha família com isso”, ou ainda “viver só do ministério? Depender de igreja? Jamais!”. E se Deus disser que o ministério em determinado local acabou, que é hora de sair, mas não disser nada sobre outro ministério? E se Deus chamar para um ministério em um local que a pessoa considere ruim para sua vida? Ou com uma remuneração mínima ou até nenhuma?
    Pensando na coletividade dos “chamados”, sim, mudamos! Nós que dizemos a Deus o como, onde, quando e o quanto dos ministérios que desejamos! A nossa vontade reina! Nossas ações testemunham que não cremos que Deus é Jeová-Jireh, Aquele que tudo provê! Cabe aqui ressaltar que Deus também provê através de trabalhos seculares, mas isso depende da vontade d’Ele e do Seu chamado específico para cada um de nós, não da nossa falta de fé! Muitas vezes as portas só se abrem depois que nós O obedecemos...

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam,
a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1)



            Se Deus lhe pedir para andar no escuro, 
você confiará nele?

terça-feira, 22 de julho de 2014

DESCASOS NA ÁREA DA SAÚDE - EU ME IMPORTO!

Há alguns dias um senhor (Nelson França, 48 anos, vigilante) passou mal dentro de uma lotação e foi deixado no chão, logo à frente da entrada de um hospital particular, em São Paulo. Notem que o descaso começou na lotação, pois não o deixaram dentro da clínica e ninguém se prontificou a ficar com ele.

Outro caso de semanas atrás foi bem parecido - outro senhor (Luiz Carlos Marigo, 63 anos, fotógrafo) estava em um ônibus, quando passou mal e também foi deixado na frente de um hospital federal, no Rio de Janeiro.

Nos dois casos ninguém dos hospitais se importou com aqueles homens. Funcionários, enfermeiros e médicos viram ou souberam que havia alguém ali na frente passando mal, mas ninguém fez nada. Devo notar que ambos aparentavam ter poucas condições financeiras - ônibus, lotação, trajes simples - mas em um dos casos era só aparência... Talvez, se fossem celebridades, plenamente conhecidos, como o Schumacher, prontamente seriam atendidos e até ressuscitados!

Não preciso dizer que nos dois casos a negligência tem fundo financeiro, mas preciso ir mais fundo e dizer que aqueles médicos, enfermeiros e funcionários só teriam feito alguma coisa se tivessem certeza que receberiam algo bom em troca. É até irônico que em um dos casos a administração do hospital logo informou que faziam atendimentos sociais - uma atividade institucional, mas na hora da situação extra-oficial o procedimento foi diferente.

Alguns momentos de reflexão resultaram na constatação de que há milhões de jovens que escolhem suas carreiras não porque possuem aptidão ou vocação para aquilo, mas porque terão maiores possibilidades financeiras na vida. É a raiz de todos os males imperando e suplantando o amor ao próximo, a compaixão, a misericórdia...

Lembro então do meu primo, André Cavalcanti, que foi atropelado ainda criança e, pelo que me lembro, seus pais não conseguiram  logo socorrê-lo. O motivo: era um quase morto.

Lembro também de quando fui internada na minha gravidez, quando o colo do útero se abriu no 5o. mês, e tive que lidar com diversos profissionais de saúde que não queriam lutar pela vida, mas apenas se livrar logo de um "aborto", mesmo minha filha estando ainda viva.

Onde estão os que juraram lutar pela vida? Ainda estão por aí, mas infelizmente, são minoria. 

Meus tios lutaram por André, e ele está bem vivo, casado e feliz, muitos anos depois do ocorrido. Eu lutei por minha filha, mas não venci - deixei uma médica altamente conceituada para ir em busca de um profissional que se importe em lutar pela vida. No caso daqueles dois homens, não houve sequer quem lutasse por suas vidas... Morreram com as pessoas apenas olhando, inertes como quem observa um inseto agonizar e morrer.

Enquanto reflito, meus pensamentos me levam para uma conexão final: e quanto aos descasos na área da saúde espiritual? Quantos cristãos convivem com amigos e parentes que ainda não conhecem a Deus, ou que um dia o conheceram e hoje caminham conscientemente por veredas tortuosas? Quantos se importam com a saúde espiritual deles? 

O povo de Deus tem se amoldado à sociedade em que vive na medida em convive indiferentemente com eles, muitas vezes apoiando e acolhendo práticas pecaminosas em nome da boa convivência, da livre escolha e do relativismo. 


(imagem retirada de
 http://blog.cancaonova.com/diarioespiritual/tag/pecadores/)
É verdade, Jesus conviveu com os pecadores e os acolheu, mas nunca apoiou ou acolheu suas práticas, pelo contrário, sempre falou abertamente sobre o que agradava ou desagradava a Deus, sobre o certo e o errado, se importando veementemente com a salvação de cada vida que passava por Ele. Sempre com amor, compaixão e misericórdia.

Fica a pergunta: eu realmente me importo?

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE PÓS-MODERNA NA IGREJA E NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Ontem estive compartilhando com a Igreja Batista em San Martin sobre este assunto, por ocasião do Dia da Educação Cristã.

Disponho aqui os slides utilizados para os que solicitaram e para demais interessados:































quinta-feira, 1 de maio de 2014

FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM PIANISTAS

(retirado de <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfhScAG/lesoes-musculo-esqueleticas>)


Não tenho a pretensão de fazer textos acadêmicos neste blog, mas sim, levantar pontos de discussão e reflexão, primeiramente pessoais, mas que se estendem aos meus amigos, parentes, alunos, colegas de profissão, irmãos de fé e qualquer outro interessado.

É neste sentido que, continuando o tema de Lesões Musculoesqueléticas em Pianistas, passo a pontuar os fatores de risco para o seu desenvolvimento:

1 - Sexo Feminino
Chocado? Antes que os pensamentos de "preconceito" ou "discriminação" apareçam, as pesquisas confirmam que o sexo feminino é mais propenso a desenvolver lesões musculoesqueléticas, pois possui menos tônus e força muscular do que o sexo masculino.

2 - Variações anatômicas
Além da questão do gênero, algumas características físicas podem contribuir para o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas, como alterações na coluna, hipermobilidade articular, artrite reumatóide, distonia, etc...
   
3 - Idade
Quando somos jovens nosso corpo aguenta certos esforços mesmo se não estivermos nos cuidando direito, mas depois dos 35 ou 40 anos a situação muda. Você já ouviu alguém dessa idade dizer - "mas antes eu fazia isso e não sentia nada"? O tempo passa... E a resistência muscular diminui... É fato. 

4 - Estudar demais
Muita gente já ouviu que para ser pianista tem que estudar 8hs por dia, mas isso é um risco muito alto. É verdade que o piano exige muito estudo ou treino, mas estudar ininterruptamente por horas a fio é um fator de alto risco.

5 - Aumento repentino de tempo no piano
Se o pianista costuma estudar/tocar 3hs por dia e, de uma hora pra outra, passa à 6 ou 7hs, estará em grande risco de desenvolver  lesões musculoesqueléticas. Seja pelo aumento da vontade ou necessidade de treinar mais, ou por compromissos profissionais, mudar a rotina drasticamente para um esforço maior é extremamente perigoso. 

6 - Permanecer na mesma posição por muito tempo
Complementando os dois itens anteriores, estudos relacionam a permanência prolongada na posição sentada com o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas, tanto em músicos, como em trabalhadores de setores administrativos, e outros. Nosso corpo foi feito para estar em movimento, por isso, toda permanência em uma posição estática levará fatidicamente a problemas físicos.

7 - Sedentarismo
A vida do pianista é permanecer sentado tocando e muitos são tão apaixonados pelo que fazem que não fazem mais nada além disso. O perigo é: existe uma cultura de que música é lazer e, portanto, fazer música não é visto como esforço físico. Na realidade, ser pianista é uma profissão com altas demandas físicas (e psicológicas) e por isso o pianista deve ser visto como um atleta de alto nível. As exigências físicas são altas e, não havendo uma preparação física anterior e contínua, o corpo não estará em condições para suportar a atividade, gerando dores e inflamações que, se não cuidadas, se tornarão  lesões musculoesqueléticas.    

8 - Excesso de ansiedade e tensão
Muitos músicos, estudantes principalmente, possuem um medo tal das apresentações, recitais e concertos que os leva a desenvolver ansiedade e tensão muscular.  Faz parte da personalidade do músico ser perfeccionista e assim exigir dos demais, desta forma, a alta cobrança da profissão contribui para tensões. Alguns músicos profissionais chegam a tomar ansiolíticos para enfrentar seus compromissos! Assim, se o músico não aprender a lidar com essas questões, as tensões geradas podem progredir para uma  lesão musculoesquelética.

9 - Dificuldade técnico-musical
Tanto a técnica errada, advinda do mau ensino ou da fase em que o aluno ainda está buscando apreendê-la, como uma peça ou repertório muito acima do nível técnico do aluno ou de grande dificuldade para o pianista, são fatores de risco para o desenvolvimento de  lesões musculoesqueléticas.

10 - Mudança de professor
Existem várias correntes técnicas pianísticas, portanto é quase certo que professores diferentes tenham técnicas diferentes. A questão é que o aluno, ao mudar de professor, terá de fazer novas adaptações na sua forma de tocar. Quando essas são poucas, ótimo. Mas quando exigem uma grande ruptura com o que já estava assimilado então o risco de  lesão musculoesquelética é alto.
A mesma lógica serve para aqueles que possuem dois ou três professores de piano ao mesmo tempo. As exigências serão diferentes, provocando adaptações até de aula pra aula. O corpo, com certeza, reclamará. 


Finalizando, cabe ao pianista administrar esses fatores de risco em sua própria vida e lembrar sempre que dor é sinal de que algo não está bem no nosso corpo. Ao primeiro sinal, reveja sua práticas e cuide-se!! 

Sugestão de leitura
Não irei dar aqui todas as referências bibliográficas que tenho lido sobre o assunto, mas recomendar apenas uma leitura:

FRANK, A; MÜHLEN, C. A. Queixas musculoesqueléticas em músicos: prevalência e fatores de risco.  Revista Brasileira de Reumatologia, v. 47, n.3, p. 188-196, mai.-jun, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0482-50042007000300008&script=sci_arttext&tlng=es>. 

     

    

  

segunda-feira, 31 de março de 2014

LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS NA ATIVIDADE PIANÍSTICA - RELATO DE CASO

(imagem retirada de http://vidaseverdades.blogspot.com.br)
Observando queixas de alunos e suas rotinas de estudo, tenho me empenhado em conversar, no intuito de desenvolver a conscientização sobre os riscos da atividade pianística.

Confesso que a questão somente passou a ter a devida importância após acometer a mim mesma, e por isso, passo a descrever resumidamente o meu próprio caso:

Pianista profissional com longos anos de experiência, me descuidei, relaxando em relação à manutenção de uma atividade física. Após alguns anos, comecei a sentir uma espécie de queimor ocasional nos músculos das costas (lateral direita).

Uma vez... Duas vezes... Assim que notei que os espaços entre os queimores estavam diminuindo procurei ajuda médica  Infelizmente, por mais que se tenha um bom plano de saúde, e a indicação de médicos, passei dois anos sendo acompanhada por ortopedistas que apenas diziam ser um problema muscular. A conduta era sempre a mesma - remédios (ou injeção no músculo), fisioterapia e a indicação de ir para a academia fazer musculação após passar o queimor.

Como o queimor diminuía com os remédios, mas não era eliminado totalmente, concluí (por conta própria) que não devia "ir pra academia", com medo de piorar a sensação.

Troquei de médico várias vezes... Os queimores viraram dores... Eu mesma solicitei uma ressonância magnética e recebi o parecer que nada havia na minha coluna que pudesse causar os transtornos.

Finalmente, com um súbito aumento da atividade pianística, todos os músculos do lado direito das costas literalmente travaram! Dores insuportáveis (até pra quem, como eu, tem um limiar alto de dor) e incapacitantes de qualquer atividade com o braço direito (não só a pianística)!

Mais uma troca de médico, desta vez de forma urgente, e a constatação de que, pela falta de atividade física por vários anos, os músculos tornaram-se fracos para a exigência da atividade pianística, acrescida da atividade como regente. Essa fraqueza muscular não segurou a coluna no lugar certo, por isso, haviam, sim, alterações que contribuíam para o desenvolvimento do quadro - retificação na cervical, protusão discal, curvatura contrária nas últimas vértebras. Segundo o novo especialista médico, minha coluna havia se moldado à minha postura como pianista (sempre sentada e ereta), e se eu houvesse obedecido as recomendações anteriores e estivesse tentando fortalecer a musculatura em uma academia, a situação teria se agravado muito mais.

Desde então, há dois anos, venho passando por um processo lento de reabilitação, ainda não completo, que incluiu ou inclui:

  • remédios (em um primeiro momento);
  • fisioterapia de analgesia;         
  • acupuntura;
  • RPG (técnica fisioterápica de reeducação postural global);
  • Pilates (exercício físico baseado na respiração, equilíbrio, alongamento e desenvolvimento do tônus).


Houve alguns meses que precisei parar com todas as minhas atividades... No momento de maior crise pensei que jamais teria condições de tocar novamente... Mesmo com os anos que perdi sendo mal orientada e a situação agravada, os tratamentos tem trazido evolução.


Muita paciência é necessária - somente em novembro de 2013 fui liberada para começar uma atividade física, o Pilates, mas apenas uma vez por semana, com as cargas mais leves, que o corpo vá se fortalecendo sem agravar o quadro já instalado. 

Muitas mudanças foram necessárias - de pensamento, de atitude, de rotina, de consciência! Por isso, esse relato deve servir para reflexão, fomentando uma autoavaliação de sua atividade pianística e de toda a sua condição física, seja como aluno, seja como profissional.

Com os devidos ajustes e cuidados, eu continuo pianista. Graças a Deus, pois não saberia viver sem o meu piano! Mas o fim desse relato poderia ser diferente... 


Reflexão e autoavaliação - o primeiro passo!

quinta-feira, 27 de março de 2014

CRÔNICA DE MARÇO

Imagem retirada de www.focandoanoticia.com.br
Crônica é a dor que persiste por mais de 3 meses, e eu tenho duas. A primeira já dura onze anos, a segunda apenas um, mas ambas crônicas de saudades que se juntam em março.

Saudade não se descreve, se sente, e notoriamente o sentimento carrega consigo lembranças e dor. 

Março traz as lembranças dos abraços, beijos, festas surpresas e presentes por ocasião do aniversário do meu pai. Lembranças felizes de alguém com quem convivi o suficiente para guardar todas elas no lugar mais especial da minha alma. Lembranças felizes que trazem a saudade, e a saudade carrega consigo a dor da ausência.

Março traz também as lembranças do falecimento da minha filha. Lembranças das sensações que ela me proporcionou enquanto estava em meu ventre, e que guardo no mesmo lugar especial. Lembranças de quem não vi, mas que sua ausência me traz uma dor infinita.

Um março de dores crônicas, diferentes e iguais, que sinto na alma e no corpo cansado, dolorido, mesmo sem esforço. Dores que vejo surgir em outros, e somam-se às minhas, por saber e entender o que sentem e ainda sentirão.

Março está terminando, e então vem o abril, carregado da maior de todas as dores - a dor de Jesus Cristo ao morrer na cruz do Calvário. Dor maior não houve, não há e jamais haverá! Ele levou sobre si todas as nossas enfermidades e pecados! Ele sabe o que é sofrer! A dor da perda de um grande amigo, quando chorou por Lázaro... A dor da morte de um filho, sendo Ele o Deus Triúno... A dor da ausência de tantos filhos e criaturas que não vivem um relacionamento diário com Ele... A dor inigualável da Via Crucis do justo pelos injustos...

O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e é por isso que abril sempre vem, abrindo as despensas celestes da paz através da ressurreição de Cristo. O que seria de nós se não fosse essa esperança? Aqueles que se tornaram filhos de Deus, aceitando a dor de seu filho na cruz como único e suficiente sacrifício pelos nossos erros, serão com Ele ressuscitados para a vida eterna. A morte foi vencida por Ele para nós!

Um dia os céus se abrirão, ou para a nossa passagem deste mundo cheio de dores para a vida eterna com Deus, ou para o retorno triunfante do Rei Jesus. Quem sabe não será num mês de abril?

"E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Apocalipse 21.4).

Que venha abril! Me mostrando que ainda tenho que viver... Me lembrando da esperança: um dia estaremos todos juntos na presença do meu Deus, sem dores, louvando, adorando e convivendo juntos por toda uma eternidade feliz!    

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

GASTANDO OU INVESTINDO TEMPO NA PRESENÇA DO SENHOR

Algumas pessoas passam horas assistindo filmes...
Outras ouvindo música...
Outras assistindo jogos...

Há ainda os que passam horas trabalhando (fora do horário de expediente)...
Outros estudando...
Outros nas academias, malhando...

A verdade é que GASTAMOS tempo naquilo que de alguma forma nos incomoda, ou que não gostamos, ou que não é prioridade, contando os minutos para que aquela atividade termine;
e INVESTIMOS tempo naquilo que nos agrada, ou que consideramos prioritário, ou que nos levará a um novo patamar de vida (mesmo que a longo prazo), e ao fim, queremos um pouco dele para permanecer fazendo a mesma atividade.
                                                  
(imagem retirada de http://super.abril.com.br)

E o tempo na presença do Senhor? 
Está na categoria de "gasto" ou de "investimento"?

Certa vez o apóstolo Paulo discursou num culto de ceia até meia-noite, tanto que um jovem chamado Êutico dormiu, caiu do terceiro andar e morreu (Atos 20.7-12). Pensam que o culto acabou? Não! Paulo ressuscitou o jovem e continuou discursando até a alvorada, com todos presentes!

No A.T. algumas celebrações na presença de Deus duravam dias, até mais de uma semana, com todo o povo de Israel, sacerdotes e levitas participando (ex: II Cr 7.6-10).

Que falar daqueles que estavam presentes e em pé enquanto Esdras lia o Livro da Lei de Deus desde a alva até o meio-dia (Ne 8.1-12)? Ou dos que ouviram Jesus proferir o sermão da montanha (Mt 5 a 7), ou o sermão profético (Mt 24 e 25)?

Quando estar na presença do Senhor for algo que nos agrade mais do que outras atividades, for considerado por cada um de nós como prioritário e entendido na prática como algo que nos levará a um novo patamar de vida, então...
...o tempo não mais será gasto, mas sim investido;
...não faltará tempo para nossas devocionais diárias;
...as "vigílias" de oração deixarão de ser das 22hs às 00hs;
...celebraremos na presença do Senhor como celebramos em casamentos e festas de aniversários;
...ouviremos atentamente a explanação da Palavra de Deus como quem assiste uma aula de preparatório para concursos.

"A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. 
Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, 
a habitar nas tendas dos ímpios" (Salmo 84.2,10).